5 de julho de 2012

Convento...


Durante anos de uma vida povoada,
Andei só, com meu coração despovoado.
Dava bom dia ao vizinho com sorriso no rosto...
Para esconder a vergonha de cada a dia.

Destilava palavras de carinho,
Mas minha carne interna estava desidratada, sem rio.
O amor que sempre me amou, insistia em ficar...
Estava por um triz conservá-lo florido...

Pois eram muitos momentos pálidos sem colibris.
Me vi num convento onde só enxergava lamento,
Duma escassez de sentimentos de entontecer,
As cores que eu via, era branco e preto...

O branco: não era de paz, era dum tormento-loucura...
O preto: não era da noite com luar, era a morte vestida para me tragar.
Minha sorte foi a de ter nascido teimosa, rebelde, é... rebelde.
Cuja rebeldia causou a rebelião de toda uma vida ferida...
Sem cor, ser harmonia, sem poesia... Me libertou!

A inquietude interior que me vestia...
Me fez ser melhor do que eu via, sentia e vivia.
Estava tudo entalado na garganta,
E antes que me estrangulassem...

Vomitei com toda a minha coragem
Rasguei a batina que enclausurava minha espontaneidade,
Joguei-a no lixo, no lixo dos covardes!
Fiquei desnuda, com a face alva, macia e sem poeira.

(respirei)...

((( Camila Senna )))



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