9 de julho de 2012

Maria ninguém...


Sou uma boneca retalhada de chita,
Triste e colorida.
Não me faço de vítima,
Quando erro boto a cara, não nego.
Sou uma criatura carente com dentes...
Sou uma abandonada de pai,
Uma alma perturbada o tirou de mim,
Foi precoce a perda, como tudo na minha danada vida. 
 
Uma jovem que tem pinta de doida,
Mas é responsável com aquilo que semeou.
Uma garotinha que sonha acordada tentando fazer do amor um conto de fadas.
Tenho certeza, o amor existe!
Fadas?
- Na minha vida, só a da minhas costas, a mesma é tatuada, talvez por querer tanto ser uma. 
 
Uma poeta sem batismo
Que escreve o que lhe vem à mente...
Com palavras e alguns palavrões...
Umas inocentes, outras indecentes.
Aquela que nunca imaginou em ser poeta, que sonhava em ser bailarina e cantora. 
 
A poesia me escolheu, fui pega pela mão a andarilhar por meu passado, presente e devanear por meu futuro.
No início, poesia tímida sem muitas palavras, rimas medrosas.
Hoje, o barulho do meu mundo interno nu, sem querer saber da aprovação do mundo.
Confesso que sou explosão!...
Escrever e procurar me entender fez bem ao meu jeito,
Fez bem ao meu coração. 
 
Sou uma alegria em vida,
Mas quando deprimida, perco o ritmo, deixo cair no chão meu semblante...
Esqueço minha essência, me vejo num motim, dou de cara com a morte,
Minha casa vira uma espelunca,
A lua vira puta,
O passado, triste e errante,
Os amores, todos fracassados,
O presente, precipitado.
Fico louca por uns dias... No decorrer vou varrendo toda a rua do meu coração, recolho lixo por lixo....
Tentando deixar fluir a beleza dos sentimentos bons. 
 
Uma menina que na infância
Teve tudo para ter uma estrutura familiar...
Mas não teve!
Tive que traçar e escolher quem eu queria ser...
Tive que me reinventar para não ficar na margem de lá,
Margem dos fracassados, viciados...
Com o futuro ameaçado.
Corri do mal, chorei todo o inferno astral, passei o pão que o diabo pisou.
A única coisa boa que eu via eram as estrelas...
Quando chorosa corria para laje para chorar todas as minhas lágrimas...
Deixando as estrelas me ninar, me acalmar.

Uma mulher que não cansa de ser mulher,
Mas que entende que para ser mulher
É necessário ser forte, sagaz, intrépida.
Entende que esse mundo vagabundo é uma selva
De animais racionais gemendo por dentro, querendo seu lamento.
Entende que nem tudo é véu, flores na janela, lua-de-mel, primavera...
Muitas coisas são crueis...
Viver a dois sem sintonia,
Viver só sem melodia,
O ser humano e seus sentimentos mesquinhos,
Morrer sem ter visto de perto a cara da gostosa alegria...
Virando cinzas e nada. 
 
Derramarei então todo meu pó de poesia nas entrelinhas dos meus poemas...
E que se dane a teoria,
E que se dane a opinião dos que me detestam, não fico puta, não fico virgem, não fico nada!
Falo o que quero na hora certa ou na hora errada.
Não ganho nada, mas também não perco.
Sobrevivo nesse mundo de palhaços sofridos, onde muitas das vezes me vejo... 
 
Sou generosa, sonhadora, persistente, e quando sobra tempo, atraente.
Mãe de filhos que ergueram minha vida solo e vazia.
Uma mortal que tem horror à rotina,
Uma esquisita que se coça toda só de pensar em conversar com pessoas explicadinhas em demasia.
Uma humana cheia de defeitos, mas que não suporta hipocrisia. 
 
Regras não rimam com a minha vida.
Quando faço uma receita, nada é medido; no final, tudo sai gostoso, apetitoso.
Tenho algumas roupas que eu mesma corto e refaço.
Saio despojada, de boina, de tênis, sem pensar em nada.
Mas tem dias que a vaidade me condena, me visto como princesa...
Princesa sem eira, nem beira, sem castelo, sem cavalo, só com meu sorriso largo. 
 
Quem sou eu?
Uma imediatista que não curte saber da meteorologia e nem dos próximos dias.
Uma tatuada na vida, oito externas e várias internas (rs).
Sofro de insônia e sou viciada em café.
Adoro correr na chuva,
Sentir e receber amor...
Janeiro e fevereiro são meus meses preferidos...
Levo minha vida retalhada e colorida sem muito roteiro.
Penso que a paz é o melhor presente que alguém possui no seu âmago. Desejo-a tanto...

Quem sou eu?
Ah, só mais uma Maria ninguém para esse mundo de tantos gostos, rostos, olhares, pensamentos e tal.


((( Camila Senna )))



6 comentários:

  1. Querida Camila...
    Agora encontrei. rsrsrsrs.
    É que esse post é grande.
    Aliás, grande, lindo e
    exageradamente gostoso de se ler.
    Um beijo grande,
    Maü Cardoso.

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  2. olá tudo bem? eu sou filha do Arlindo ele me mostrou seu blog, eu tbm tenho um e adorei o seu e estou te seguindo nele ta:parabéns vc tem uma inspiração nata!

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  3. OLá Patrícia, seja muito bem vinda, viu?
    Seu pai é um querido.
    Obrigada pelo carinho.
    Muita luz... shalom.

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  4. Oi Camila,
    acho encantador a forma como você se desnuda nos versos, não dá vontade de parar de ler e quando chega ao final dá uma sensação de alma saciada, com uma ponta de vontade de quero mais.
    Intensos seus versos. Parabéns!
    Abç

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  5. Doce rainha do lar, quem te relacionará os sacrificíos? que concha sublime te guardará na terra, as pérolas do coração, vertidas em forma lágrimas, para definir o salário no Céu?
    Todos te devem carinho,raros te conhecem no esplendor de tua renúncia.
    Embora desconhecidas, porém, as tuas mãos de luz alimentam a vida.
    Teces a renda do berço e guardas a nossa existência no ninho acolhedor de teus braços, orvalhando de ternura para que venhamos a crescer no entendimento. isolada o pequenino reino doméstico, sustentando os nossos primeiros passos e ensinando a pronunciar o nome de deus.
    Quando todos se fatigavam, á frente de nossos caprichos, era teu coração nosso invariável refugio.
    Desapegaste a tí mesma de todos os adornos, para que nos enfeitássemos de ilusão, quanta vez esquecendo á distancia de nossos triunfos!
    Nem por isto te revoltaste, anjo amigo!
    Bastasse que a dor nos anunciasse os olhos para que as tuas mãos desfalecessem de amor,acariciando a face tristonha e arrebatando nos, de novo, á musica do sorriso.
    Muitos se ergueram aos clarins da fama, relegando a obscuridade e outros muitos a fingiram as culminâncias do ouro e do poder, olvidando no infortúnio.
    Entretanto, Mãezinha, teus lábios sorriam felizes, abençoando lhe a vitória!.
    Vives na base de todos os monumentos do mundo, no entanto, quão poucos se lembram de ti, crucificada no sofrimento para que a alegria e o progresso assinalem o esforço das criaturas distraídas da terra!.
    Enxuga, porém, o teu pranto oculto e não permitas que a flagelação e a saudade, a mágoa e o desencanto te sufoquem a alma.
    Ainda mesmo apunhalada de angustia, crê e espera, ama e ajuda sempre!
    Do teu trono de humildade e aflição, alça teu pensamento ao caminho estrelado, porque na Glória do Céu a tua dolorosa vigilia é abençoada pela Divina sabedoria, cujo filho é o nosso excelso rei coroado de espírito...
    (((ARLINDO)))

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