28 de agosto de 2012

Poema datado!


Eu te amo não por mérito,
Mas por inquérito desse órgão feio,
Abusado!...
Que as pessoas o pintam rosado.

Fico nua, lembro-me da sua tábua
Que se chama esmeralda.
Passo a mão no rosto ingênua,
Me perguntando como será minha cena?

Minhas mãos brancas
Com veias alteradas
Querem seus rabiscos
E o risco da sua cicatriz
Que sem saber me toma feito prece
Por um triz que quase me adormece.

As curvas da minha boca
Se consagraram as curvas
Dos seus olhos de lua cheia
Que meu sol sem rouxinol
Insinua sua.

Os deuses profanaram meu turbilhão
Cheio de sim
Cheio de não
Cheio de quero
Cheio de não quero!

Na raiz da sua planta, me fiz santa
Me fiz desnaturada, louca varrida
Arrastando a saia pela estrada
Embevecida pelo seu leito corrompido
Que me acolhia da forma mais sublime
Pelo crime de querer Ser, Ter...

Agora estou em transe, febril
A infantilidade me deu tchau e sumiu!
Quero ser menina de novo
Mais a mulher tomou conta
Me tomando feito dona.

A lembrança agora me cala,
Meus dedos com calo não param...
De denunciar em palavras
O que minha voz insiste num olhar não fitar.

Meu poema por si só,
Datou meu nó!

((( Camila Senna )))