Ao som da solidão
Bordo minha alegria
Pro próximo carnaval.
Camila Senna
Chega, rouba minha cena
Usa-me de poema
Se embriaga da minha saliva
Furta meu sexo
Envenena minha alma
Rasga minha calcinha
(me faz feliz por três dias)
Depois vai embora, perdendo a memória.
Camila Senna
No meu corpo deserto
Habita um rio
À espera da sua língua
Uma flor exótica
Se abre toda
Florescendo amor
Camila Senna
Me namorei
Te enamorei
Perfumei o quarto
Com as cores do meu perfume...
Te esperei pela janela,
Me enganei toda
Tua essência não faz ninho certo
Vive à procura de outras aventuras
Vou deixar ao vento
Minha vontade
De um amor sereno
Fecharei minhas janelas
Minhas portas
Mas não as estradas do meu coração
Mesmo com tantas mazelas
Brindo à vida
Mergulho no meu rio de lágrimas
Camila Senna
Mexeu com meu não
Desfez o meu sim
O mar misterioso se abriu,
Destrancou as conchas todas,
Estava eu dentro da mesma
Feito um mosaico
Colorido de dor
Me espalhei,
Dei às espumas,
Minhas lágrimas
Pedi pra Iemanjá me limpar
Trazendo de volta
O sabor visceral...
Ela me ouviu e afogou
A voz insípida, encantada sim, mas dor(mente), ludibriada.
Camila Senna
Os ratos e as cobras irão passar pela minha estrada, por gentileza, direi:"olá"...
Seguirei...
O amor também vai andarilhar pela minha estrada em busca de um lar coração, direi:"estou aqui".
Camila Senna
Doutro lado,
Vejo tudo...
Escuto vozes
Vejo a agonia no olhar
Ouço o telefone tocar
Mas não sou atendida
Mas também, pra quê?
A voz não me ouve, e o ouvido é dor(mente)
Camila Senna
Quero toda minha alegria nas minhas linhas,
Todo meu ciúme
Toda farpa
Toda dor
Toda minha passionalidade
Todos os malditos teus
Toda doçura amarga
Toda lágrima
Toda melancolia em flor
Quero tudo de mim nas minhas entrelinhas
Quero o amor transbordando
Suas vicissitudes no meu barranco de palavras que não param
Quero escrever com minha alma rasgada, quero que a métrica se foda, odeio regras, hora marcada,
Cabelo arrumado
Quero a calcinha rasgada
O tapa na cara
A língua
E quero à cima de tudo um amor que fique,
e quando seguir viagem, se despeça.
Camila Senna
O vento tem furtado
Lágrima por lágrima,
E levado para
o deserto do pranto.
Camila Senna
Copiosamente,
Cai a chuva
Jorrando esperança
Dizendo em cada pingo,
Que o passado turbulento
Não passou de um chuvisco
Camila Senna
Aquele colibri de outrora
Voltou fazendo ciranda
Na minha alegria
Colorindo minhas saias
Me arrebatando pro rio de mim...
Que ri, dança e solta os cabelos
Querendo mais, mais...
Camila Senna
Gira o Sol da minha estrada
Trazendo mar enluarado
Lambendo meus erros
Cristalizando meus segredos
Camila Senna
O desapego também é solidão
Ser muito racional é ilusão
Ser apaixonada é o amor sonhando
Mentira é acreditar em Tudo!
Camila Senna
Uma rosa sem espinhos,
Não é rosa
As que não tem,
são de plástico
Sou uma rosa com espinhos,
Tenho o meu sujo e meu néctar
Sou de carne, sangue e essência.
Há os que almejam
uma vida sem cicatrizes
sem experiências cravadas, calçadas pintadas
Enfeitam suas janelas cinzas com flores pintadas de cores escolhidas, no fundo todas mórbidas
Pessoas prisioneiras de um jardim sem primavera
Nunca vão gozar de alegria...
E entender como um choro é libertador!
Camila Senna
Eu o vi andando pesado
Com kengas cravando seus peitos
Eu vi seus pés pesados de multidão de estórias verdadeiras
E histórias fictícias
Eu vi suas costas mutilada
traçada por um passado oculto
Eu vi, eu vi
Vi a boca mentir falando verdade
Vi a vontade, mas não vi o amor
Eu vi as lágrimas
Ouvi as juras
Vi as unhas cravadas como tatuagem
Mas não eram minhas
Eram das putas que o idolatra
Vi um passarinho de coturno
Sem asas
Sem coragem de fazer ninho.
Eu vi, mas não me vi
Camila Senna
Cortei meus cachos
Passarela ensolarada
Que você pisava
(castrei meu amor casto)
Camila Senna
A mentira
Vai revelar doutro lado,
A verdade
Sigo só, a sós comigo
Melhor caminho
Pra libertação
Voe passarinho
Que nunca fez ninho
Certo no meu coração
Camila Senna